Os minerais destinados a compor os tecidos duros do organismo são obtidos a partir
dos alimentos ingeridos. A absorção desses minerais é feita no tubo digestivo
e, por intermédio da corrente sanguínea, são transportados até os capilares,
difundindo-se pelo interstício, onde podem encontrar uma matriz orgânica favorável
à sua precipitação. Quando isso ocorre, diz-se que o tecido foi mineralizado,
ou mais especificamente em relação ao íon cálcio, foi calcificado.
A
hidroxiapatita (um composto com 10 átomos de cálcio, seis grupos fosfato e
duas hidroxilas) é a forma mais comum de precipitação de minerais nos
processos de calcificação. A sua formação segue regras físico-químicas que
envolvem o equilíbrio das concentrações do cálcio e do fosfato no plasma e
no líquido extracelular. As concentrações desses íons nesses dois sistemas
estão quimicamente prontas para, a qualquer pequena alteração na sua
quantidade, combinarem-se e se precipitarem, formando um "núcleo
inicial" de hidroxiapatita. A partir desse núcleo, mais íons cálcio e
fosfato vão se depositando, o que transforma a matriz orgânica em uma matriz
mineralizada.
Alguns fatores locais
teciduais regulam esse processo de precipitação da hidroxiapatita nos locais
destinados à recebê-la, já que pequenas alterações nas concentrações de cálcio
e fosfato podem desencadear a calcificação. Enzimas, como a fosfatase,
facilitam a liberação dos fosfatos, assim como a alcalinidade aumenta a relação
Ca2+/PO4-. Hormônios e
algumas proteínas também influenciam nas concentrações iônicas,
principalmente dos níveis calcêmicos. O cálcio, por exemplo, encontra-se
conjugado a proteínas quando entra na corrente sanguínea, para que não se
combine com outros elementos ou que saia da circulação, fatos que favoreceriam
a sua precipitação em locais indesejados.